Às vezes a gente pensa que sabe, mas não; se engana e se surpreende com as descobertas que vai fazendo aqui e ali. O tempo vai passando, a gente vai amadurecendo, deixando para trás coisas aprendidas, quase no esquecimento; acumulando novos conhecimentos, revendo conceitos e atualizando o aprendizado. Para isto a gente precisa ter espírito aberto, humildade e uma redentora ousadia para se abrir ao novo.
Minha experiência como discípulo da Escola que “não é fé e política; não é fé + política; não é fé – política, muito menos fé x política e sim FÉ POLÍTICA” segundo Padre Motinha, já no seu terceiro módulo, está me levando a repensar todo meu aprendizado sobre o cristianismo, a um novo jeito de olhar a minha igreja católica nos dias de hoje, a viver uma fé adulta e libertadora, em comunidade e sustentada na palavra de Deus. Também está me revigorando a prosseguir com a luta contra as desigualdades sociais, alinhada à Doutrina Social da Igreja.
À medida que a escola vai avançando, a convivência com os integrantes, o aprofundamento dos conteúdos propostos, vão levando a gente, à luz da metodologia do VER, JULGAR, AGIR, CELEBRAR E AVALIAR, a refazer a nossa caminhada de cidadãos cristãos, a experimentar novos modos de nos relacionar com Deus e com as pessoas, a ser igreja num mundo que rola na contramão dos valores cristãos, que sacraliza o profano e, profana o sagrado.
Sempre entendi esta expressão do Apóstolo Tomé, chamado Dídimo – “meu Senhor e meu Deus” Jo.20,28 – como expressão de sua admiração e surpresa por tocar as chagas de Cristo, por ter se convencido de que aquele que tocava era mesmo o Cristo com quem tinha convivido e que havia sido morto de forma ignominiosa há poucos dias. Creio mesmo que tenha a ver com o fato de Tomé ter convivido com Deus em carne e osso e não sabia.
Quando o terceiro módulo da Escola FÉ POLÍTICA se encerrou com a celebração eucarística pontificada pelo Padre Motinha e os integrantes se despediam para voltar às suas comunidades, eu, entre atônito, pasmo, confuso, surpreso, radiante, sei lá o quê, sentindo ainda na boca o gosto da partícula sagrada que recebi na comunhão e ecoando na minha mente “não é verdadeiro cristão quem não conhece e pratica a Doutrina Social da Igreja”, foi que vim entender que aquele “meu Senhor e meu Deus” de Tomé ia além da admiração e da surpresa. Era a confissão de sua vergonha por ter convivido com um Deus e tê-LO tratado apenas como homem. Sentimento de vergonha e de adoração que o levou àquela exclamação. São estes mesmos sentimentos que me assaltam no final deste módulo. De vergonha por conhecer tão pouco e quase nada praticar da doutrina social da igreja; por não viver, como devia, como autêntico seguidor de Cristo; de adoração por que “pela graça que nos mereceu a redenção de Jesus Cristo o homem se torna filho de Deus e membro do Corpo Místico de Cristo” e a Ele toda honra e toda glória.
A Escola FÉ POLÍTICA, em todos os seus módulos até agora tem reavivado conhecimentos e experiências vivenciadas nos velhos tempos dos Seminários de Penedo, Maceió e Regional do Nordeste em Recife; tem me proporcionado novas experiências de Deus e viver como igreja nesta sociedade conforme as leis cristãs da “justiça como guia e objetivo; da caridade como força e motor; da verdade como luz que ilumina o caminho; inclui o senso social, que é uma espécie de instinto que intui o que convém ao bem comum; da liberdade que é o clima onde a justiça, a caridade e a verdade encontram seu desenvolvimento garantido”.
Felicito a todos os organizadores da Escola, mas aqui reverencio este fiel seguidor de Cristo, apaixonado amante da sua igreja e de sua doutrina social, e zeloso sacerdote, Padre Motinha que em suas exposições sobre Doutrina Social da Igreja mais do que ensina, testemunha como ser cristão católico nestes tempos difíceis e seu testemunho é verdadeiro.
José Matias Irmão,
Aluno da Escola Diocesana Fé e Política,
Maninha Xucuru Kariri.